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21 de maio de 2017

6º Fórum Mundial da Bicicleta, por Marina Harkot

Por meio de um edital, em parceria com o Itaú, a UCB conseguiu viabilizar a ida de seis* pessoas para o 6º Fórum Mundial da Bicicleta, que aconteceu na Cidade do México, entre os dias 19 a 23 de abril, para que elas pudessem apresentar seus respectivos trabalhos desenvolvidos no Brasil. Nos próximos dias, serão publicados os sete** relatos dessas pessoas, para as informações sobre o Fórum cheguem em mais gente.

Por Marina Harkot – membro do GT Gênero da Ciclocidade e do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte de SP.

Participar de um Fórum Mundial da Bicicleta é uma experiência inesquecível – e foi uma oportunidade incrível poder contar com o apoio da UCB para compartilhar as reflexões e aprendizados que estamos tendo no GT Gênero da Ciclocidade não apenas por causa da pesquisa “Mobilidade por Bicicleta e os Desafios das Mulheres de São Paulo”, mas do nosso envolvimento com a temática como um todo.

Alguém de São Paulo poderia imaginar que encontraria na Cidade do México um universo bastante familiar – afinal, ambas são similares em dimensões geográficas, populacionais e naquelas referentes a seus problemas. Senti na pele o tão falado “acoso callejero” – as cantadas de rua, expressão que é somente a ponta o iceberg da violência de gênero cujo extremo são as altíssimas taxas e feminicídio pelas quais o México é conhecido. Também andei de metrô nos vagões de uso exclusivo para mulheres e crianças, onde a separação, apesar de longe de ser ideal, torna as viagens na hora do rush mais confortáveis.

Pude experimentar o ótimo e extenso sistema de bicicletas compartilhadas e pedalar pelas ciclofaixas mais largas e protegidas do que as de São Paulo – mas não por isso mais respeitadas – e sem enfrentar os tradicionais morros, já que a Cidade do México é quase plana. Nas faixas de ônibus compartilhadas, pude sentir o ar faltar – fruto da mistura entre altíssimos níveis de poluição atmosférica e do clima desértico da cidade.

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O Fórum foi uma experiência à parte, com suas sedes nos lindos prédios históricos da capital e a programação que, de tão extensa, era difícil de acompanhar. Assisti – e me inspirei com – muitas falas, em especial as do Peter Cox e Chris Carlsson. Infelizmente perdi a palestra da Rachel Aldred sobre gênero – que ouvi dizer ter sido ótima! – mas que foi no mesmo horário do painel que participei.

Apresentei nosso trabalho em um painel bastante inspirador, com outros quatro latino-americanos compartilhando percepções e leituras sobre o uso da bicicleta pelas mulheres do continente  – e tentando tecer teorias para explicar o porquê de elas serem tão poucas na maior parte das nossas cidades.

E, claro, o Fórum é feito de pessoas e dos encontros do lado de fora, das conversas e das trocas no final do dia, das festas até alta madrugada que a organização do Fórum se preocupou tão lindamente.

Fico feliz em ter tido a oportunidade de, apoiada pela UCB, participar de mais um Fórum Mundial da Bicicleta e aprender com pessoas e organizações das mais diversas. Me dá muita alegria ter a chance de compartilhar com a América Latina (e, por que não, o mundo!) o trabalho que viemos desenvolvendo no GT Gênero da Ciclocidade, verificando, mais uma vez, que o desafio para fazer mais mulheres pedalar não é só nosso – e que podemos conjuntamente, avançar em soluções “feitas à mão”.

*Ao total, foram selecionadas sete pessoas, mas uma delas não embarcou para o México.

**Mesmo não embarcando, o trabalho desta pessoa foi apresentado por outra e haverá relato sobre.