Nota pública da UCB em favor da democracia: de bicicleta, por nenhum direito a menos
A UCB – União de Ciclistas do Brasil é uma organização da sociedade civil fundada em 2007 com o objetivo de representar seu corpo de associados individuais e coletivos perante atores sociais diversos, do setor privado e público, especialmente os de nível federal, e lutar pela efetivação do direito social que todas nós temos ao transporte, conforme previsto na Constituição Federal. Assim sendo, trabalhamos pela efetivação do nosso direito de ir e vir de bicicleta com segurança, conforto, equidade e praticidade em todos os municípios do País.
Apesar de termos nossa agenda voltada aos inúmeros aspectos concernentes à bicicleta, nós, associadas e associados da UCB, estamos atentos aos acontecimentos políticos no País e que, em grande escala, provocam retrocesso em questões do direito à cidade, da transparência, dos direitos humanos e dos direitos sociais e políticos de forma geral. Neste momento, não é tarde, concluímos por manifestar nossa opinião em relação ao contexto político em nível nacional e de suas possíveis implicações ao que nos move, à nossa agenda, à nossa missão enquanto instituição.
A UCB jamais se manifestou e tampouco manifestará em defesa de partidos políticos ou de governantes em relação aos fatos envoltos na recente sucessão presidencial do Brasil. A UCB, baseada nos princípios de defesa da democracia, dos direitos humanos, da legalidade e moralidade que a regem, se manifesta em nome de um grupo diverso e fundada em preceitos éticos.
A ética que nos move é aquela do respeito à próxima e ao próximo. Nesse sentido, não pode ser tolerada nenhuma inversão no direito de livre expressão e livre escolha de representantes no governo e no direito à informação e à participação política.
Atentos ao debate sobre todo o processo de formação do atual Governo Federal, manifestamos nossa preocupação com a sua legitimidade, dada a falta de consenso no meio político e jurídico sobre do mesmo. Mais preocupante ainda são as reformas políticas propostas e, algumas, aprovadas pelo atual governo em temas como educação, cultura, fiscalização, comunicação, macroeconomia, segurança pública, trabalho e política interna e externa, as quais representam retrocessos nas ainda frágeis garantias constitucionais, nos direitos humanos e dos trabalhadores.
Também não podemos deixar de mencionar nossa preocupação com as manifestações de cidadãos que atentam contra a liberdade de expressão, de manifestação e de pensamento, a igualdade étnica e de gênero, o direito de defesa, a preservação ambiental, o direito à cidade, a laicidade e outros valores construídos ao longo da história mundial e brasileira.
Somos radicalmente contra qualquer tipo de repressão, seja ela física ou moral, nas ruas ou no mundo virtual, e almejamos o desenvolvimento com inclusão social e sustentabilidade ambiental. Apoiamos o direito de manifestação e repudiamos, veementemente, a violência policial contra os manifestantes, a exemplo do que tem acontecido em diversas cidades do País. Defendemos que sejam mantidas as investigações sobre irregularidades praticadas pelos governos anteriores e atual e que seja cumprida a extirpação da corrupção, motivo pelo qual, alegadamente, se operou a sucessão presidencial, não obstante as dúvidas que pairam sobre a real existência de crime de desrespeito à Constituição Federal.
Esperamos e continuaremos a lutar por mais avanços e menos retrocessos, no sentido de uma política mais aberta em torno dos interesses coletivos e do bem comum.
Não se pode ir e vir de bicicleta com segurança e praticidade no País se não houver a garantia de outras condições basilares de desenvolvimento e igualdade social, manutenção efetiva da democracia participativa e respeito às eleitoras e aos eleitores do País.
Com desejo de um presente melhor para o país, #DiretasJá!
Brasil, 0