8M: Mobilidade, Gênero e Direito à Cidade
No dia 8 de março, celebramos o Dia Internacional das Mulheres, uma data que simboliza a luta por equidade, respeito, direitos e liberdade. Entre os muitos desafios enfrentados, a mobilidade urbana ainda é um fator determinante na desigualdade social de gênero. As cidades foram projetadas historicamente para atender a um padrão patriarcal branco de deslocamento masculino, deixando de lado as necessidades e especificidades dos deslocamentos femininos, de pessoas de gênero dissidente e corpos periféricos e marginalizados.
A bicicleta, nesse contexto, surge como uma poderosa ferramenta de transformação politica-social, proporcionando autonomia e acesso à cidade. No entanto, ainda existem barreiras significativas para que todes possam pedalar com segurança e liberdade. Neste 8M, é fundamental refletirmos sobre a relação entre mobilidade urbana e equidade de gênero e raça, buscando soluções para tornar as cidades mais justas e inclusivas.
Mobilidade e Gênero: Desafios e Desigualdades
A mobilidade urbana é um direito fundamental para o pleno acesso à cidade e demais direitos. No entanto, mulheres, pessoas de gênero dissidente e corpos periféricos enfrentam desafios específicos ao se deslocarem. A falta de infraestrutura adequada, o assédio em espaços públicos e as múltiplas jornadas, especificamente de sobrecarga de responsabilidades domésticas, são alguns dos fatores que limitam suas escolhas de transporte e mobilidade.
Estudos indicam que mulheres realizam deslocamentos mais complexos, combinando diferentes meios de transporte e percorrendo distâncias menores, porém mais frequentes, muitas vezes acompanhadas de crianças ou carregando compras. No entanto, a falta de estruturas cicloviárias seguras e de espaços urbanos planejados com essa realidade em mente acaba restringindo o uso da bicicleta. A desigualdade na mobilidade não é apenas uma questão de infraestrutura, mas também social, de segurança e de acesso igualitário aos espaços públicos.
A Bicicleta como Ferramenta de Autonomia
Desde o século XIX, a bicicleta tem sido um símbolo de emancipação feminina. Pedalar sempre foi um ato de liberdade, permitindo que mulheres, sobretudo as brancas, ampliassem sua independência e desafiassem padrões impostos pela sociedade. No entanto, ainda hoje, muitas, especialmente as mulheres negras, dissidentes de gênero e corpos periféricos encontram barreiras para adotar a bicicleta como meio de transporte principal.
O medo da violência, a falta de infraestrutura adequada e os estereótipos culturais dificultam ainda mais essa autonomia. Muitas mulheres evitam pedalar à noite por medo do assédio, enquanto a ausência de ciclovias seguras coloca suas vidas em risco. Superar esses desafios exige investimentos públicos, campanhas de sensibilização e políticas que promovam um ambiente seguro e acessível para todas as pessoas que desejam pedalar.
Mobilidade Sustentável e Equidade no Espaço Urbano
A Agenda 2030 da ONU reconhece que a mobilidade sustentável é essencial para o desenvolvimento de cidades mais inclusivas. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 5 trata da igualdade de gênero, enquanto o ODS 11 reforça a necessidade de cidades sustentáveis e acessíveis para todas as pessoas. Garantir uma mobilidade equitativa é parte fundamental desse processo.
Infraestruturas urbanas que considerem diferentes necessidades de deslocamento podem reduzir desigualdades e aumentar a participação de mulheres, pessoas negras e pessoas LGBTQIA+ na mobilidade ativa. Ciclovias planejadas, iluminação pública adequada, campanhas de conscientização e transporte público eficiente são medidas essenciais para garantir que todes tenham acesso seguro ao direito de ir e vir.
Conclusão
A luta pelo direito à cidade passa pela mobilidade ativa e pelo reconhecimento das desigualdades que impedem mulheres, pessoas de gênero dissidente e corpos periféricos de se deslocarem livremente. A bicicleta, além de um meio de transporte sustentável, é uma ferramenta de autonomia, contribuindo para maior emancipação e inclusão.
Neste 8M, é fundamental que governos, sociedade civil e movimentos feministas e negros trabalhem juntos para transformar o espaço urbano em um ambiente seguro e acessível para todes. Garantir equidade na mobilidade é um passo primordial para construir cidades mais justas e democráticas.
Chamada para Ação
O direito de pedalar com segurança, respeito e liberdade precisa ser garantido para todes! Junte-se à luta por uma mobilidade mais inclusiva e equânime e participe e mobilize debates, participe e cobre de gestores públicos melhores infraestruturas e apoie iniciativas que promovam a equidade de gênero e território na mobilidade urbana.
Vamos transformar nossas cidades para que todas as pessoas possam se deslocar sem medo e com autonomia!
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