A experiência da Pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro 2015 no FMB6
Por meio de um edital, em parceria com o Itaú, a UCB conseguiu viabilizar a ida de seis* pessoas para o 6º Fórum Mundial da Bicicleta, que aconteceu na Cidade do México, entre os dias 19 a 23 de abril, para que elas pudessem apresentar seus respectivos trabalhos desenvolvidos no Brasil. Nos próximos dias, serão publicados os sete** relatos dessas pessoas, para as informações sobre o Fórum cheguem em mais gente.
Por Juciano Martins Rodrigues – Pesquisador do Observatório das Metrópoles, Coordenador Científico do Laboratório de Mobilidade Sustentável (Labmob/UFRJ). Doutor em Urbanismo com pós-doutorado em Planejamento Urbano e Regional.
Com o apoio da UCB tive a oportunidade de participar de duas atividades específicas no Fórum Mundial da Bicicleta. A primeira, na modalidade painel, apresentei junto com Blé Binatti, da Transporte Ativo, e Victor Andrade, coordenador do Labmob/UFRJ, a experiência da Pesquisa Perfil do Ciclista Brasileiro 2015 e os objetivos da próxima edição da pesquisa, que será realizada agora em 2017.
Foi um momento muito especial, pois tivemos a chance de discutir com outros participantes a possibilidade – que tem se mostrado virtuosa – de interação e parceria entre universidade e socidade civil organizada para a produção de conhecimento sobre a mobilidade por bicicleta.
Em um segundo momento, já no sábado dia 22 de abril, participei de uma atividade na modalidade “ponencia”, apresentando o trabalho “A bicicleta nas estatísticas públicas no Brasil”. Trata-se de uma reflexão realizada a partir de levamento em fontes de dados públicos no Brasil, especialmente do IBGE.
Essa reflexão, na verdade resultados parciais de uma pesquisa sobre a Economia da Bicicleta que estamos desenvolvimento no Labmob, parte do pressuposto de que a informação estatística é fundamental para a formulação e o monitoramento de políticas públicas.
Esses resultados parciais têm evidenciado, até agora, que, apesar do reconhecido avanço do sistema estatístico nacional, com pesquisas cada vez mais periódicas e abrangentes, tanto do ponto de vista temático quando territorial, ainda é escasso a produção de informação e conhecimento sobre mobilidade urbana no país, em especial sobre a bicicleta e demais meios ativos.
Ao mesmo tempo, sabemos que milhares de pessoas utilizam a bicicleta todos os dias. Para trabalhar, ir para a escola ou, ainda, encontrar amigos e realizar compras. Tornar esses ciclistas visíveis aos olhos da sociedade como um todo e, especialmente, para os responsáveis pelas políticas públicas de trânsito e transporte é um desafio contante daqueles que acredintam que pondemos viver em cidades mais justas, seguras e ambientamente sutentáveis. Sem dúvida a podução de informação e conhecimento é uma etapa fundamental dessa luta.
Os ingrendientes dessa luta fizeram a Cidade do México, durante o fórum, respirar a cultura da bicicleta, o que viabilizou o encontro – as vezes rarefeito – entre ativistas, pesquisadores e agentes púbicos. Para mim, enquanto pesquisador, notar a preocupação conceitual e metodológica por parte de ativistas e o reconhecimento da ação por parte de pesquisadores tornou a experiência ainda mais enriquecedora.
Tudo isso só foi possível graças ao ambiente de diversidade e de encontro contruído no Fórum, convergindo ideias, demandas sociais e políticas de país tão diferentes em torno da mobilidade ativa.
Assim, foi impossível não pensar que estávamos tratando o tempo do direito à cidade. Direito à Cidade pensado como nos termos do geógrafo David Harvey. Ou seja, é muito mais que o direito ao acesso individual e grupal ao recursos representados pela dimensão material da cidade, é um direito de mudar e reinventar a cidade de acordo com nosso próprios desejos.
No final, o resultado não poderia ter sido melhor, pois esse desejo – expresso pelo lema do FMB6 (Ciudades hechas a mano!) – parece ter sido definitivamente encarnado pelos participantes.