< Voltar à atuação

20 de novembro de 2024

Mobilidade Urbana e Racismo Estrutural: Desafios e Perspectivas para uma Cidade Mais Justa

No Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, é dever refletir sobre a conexão entre mobilidade urbana e racismo estrutural. Este ano pela primeira vez, a data será celebrada como feriado nacional e ressalta a urgência em discutir como as políticas de transporte coletivo-público podem reforçar desigualdades raciais e sociais, limitando o acesso de comunidades negras e periféricas a direitos básicos.

O Reflexo do Racismo no Transporte Público

O transporte coletivo-público no Brasil é um espelho das disparidades raciais. Com menos linhas de ônibus, horários desfavoráveis e tarifas elevadas em regiões com maior população negra, o serviço de transporte reflete e perpetua o racismo . Além disso, a ocupação de cargos no sistema de transporte revela uma hierarquia racial, com motoristas brancos ganhando mais que cobradores negros,A baixa renda da população negra agrava o impacto do custo dos deslocamentos, tornando necessário repensar o planejamento inclusivo e aumentar a participação de pessoas negras nas decisões políticas e ocupando cargos estratégicos para  o gerenciamento do transporte.

A Configuração Urbana e o Racismo Estrutural

A segregação espacial nas cidades brasileiras é um obstáculo à mobilidade, pois relega a população negra a áreas periféricas com menos acesso a serviços e transporte de qualidade. Investimentos públicos tendem a priorizar regiões centrais, enquanto bairros periféricos enfrentam longos tempos de deslocamento e poucas opções de transporte. Para superar essa desigualdade, é preciso redistribuir recursos e renda, criar moradias em zonas centrais e promover a integração entre diferentes modais de transporte.

A Falta de Dados e o Combate ao Racismo  na Mobilidade

A ausência de dados sobre raça na mobilidade urbana é um entrave para o desenvolvimento de políticas antirracistas. Estudos e planos diretores que ignoram questões raciais resultam em sistemas de transporte que priorizam lucro em detrimento da população negra e periférica. A inclusão de informações sobre raça nas pesquisas e a ampliação de estudos independentes são passos fundamentais para criar políticas públicas que reconheçam e combatam as desigualdades raciais no acesso ao transporte e planejamento urbano.

Desigualdades de Raça e Gênero na Mobilidade Ativa

O racismo e o machismo estrutural também afetam o acesso de meninas e mulheres negras à bicicleta, um modal de transporte acessível e sustentável. Fatores como menores rendas, maior responsabilidade doméstica e falta de infraestrutura cicloviária em áreas periféricas dificultam o aprendizado e o uso da bicicleta por mulheres negras. Iniciativas como “Pedal na Quebrada”, “Perifa na Pista” e “Afro Ciclo” são exemplos de ações que buscam mudar esse cenário, promovendo o acesso à bicicleta e criando redes de apoio. O planejamento urbano que considere as necessidades femininas e a maior representatividade de mulheres negras periféricas em discussões sobre mobilidade são soluções necessárias para promover a equidade e ampliar a diversidade.

A promoção de uma mobilidade urbana antirracista é um desafio complexo que requer uma abordagem multidimensional. O Dia da Consciência Negra serve como um lembrete para refletir sobre essas questões e agir, não só em novembro, mas o ano todo. A mobilidade antirracista não é apenas uma questão técnica, mas um imperativo ético para garantir que todas as pessoas possam circular livremente, com dignidade e acesso a direitos básicos. Juntas/es/os, podemos construir um presente onde a mobilidade urbana seja um instrumento de justiça social e racial, honrando a memória de Zumbi dos Palmares e contra as desigualdades que persistem.

Convidamos todas as pessoas a se envolverem nessa luta por uma mobilidade urbana mais justa e inclusiva. Compartilhe este texto, reflita sobre o tema e apoie iniciativas que promovam a mobilidade antirracista em sua cidade. Cada ação conta para um Brasil mais justo e inclusivo!

 

Fontes consultadas para criação deste texto:

  1. Hoje é Dia: pela 1ª vez, 20 de novembro será feriado nacional | Agência Brasil
  2. Lei torna feriado nacional o dia 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra – Notícias – Portal da Câmara dos Deputados 
  3. Mobilidade antirrascista – Fundação Rosa Luxemburgo 
  4. Mobilidade Antirracista
  5. A Cor da Mobilidade: ITDP lança reportagens sobre racismo na mobilidade urbana – ITDP Brasil
    1. Como o serviço de transporte público no Brasil reflete o racismo estrutural
    2. Como a configuração das cidades reflete o racismo e atrapalha a mobilidade – ITDP Brasil
    3. Como a falta de dados sobre mobilidade reforça o racismo estrutural – ITDP Brasil
    4. Por que meninas negras não aprendem a pedalar – ITDP Brasil