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17 de agosto de 2021

Canal Aberto – Nº 04

Bicicletas Públicas Compartilhadas e Meio Ambiente

Por Victor Andrade, Jessica Lucena e Marcela Kanitz do LABMOB / UFRJ

O agravamento de problemas ambientais e das mudanças climáticas torna urgente a necessidade de reavaliar hábitos e reconsiderar os impactos das ações humanas. Atualmente, os transportes urbanos são uns dos principais responsáveis pelos elevados índices de poluição atmosférica das cidades, devido à massiva utilização de veículos movidos a combustíveis fósseis.

Uma transformação nos padrões dominantes de mobilidade se faz urgente e a bicicleta é apresentada como alternativa limpa e sustentável para os deslocamentos cotidianos. Atualmente, mais de mil cidades ao redor do mundo possuem sistemas de bicicletas compartilhadas e no Brasil, os sistemas de bicicletas cresceram e se consolidaram.

A plataforma digital MicromobilidadeBrasil.org mapeia os sistemas de bicicletas e patinetes públicos brasileiros, visando a transparência de dados e a quantificação das emissões de CO2 evitadas. Também apresenta informações sobre perfil demográfico dos usuários e uso dos sistemas. A plataforma é coordenada pelo Laboratório de Mobilidade Sustentável (LABMOB – UFRJ), com apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e do Itaú Unibanco, em parceria com o Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).

Print da Home da plataforma Micromobilidade Brasil

Segundo último levantamento (março 2021), 24 sistemas de bicicletas compartilhadas públicos estão ativos em 20 cidades brasileiras. Os sistemas públicos são regulados pelos municípios, porém, muitos são operacionalizados por empresas privadas. Os serviços de compartilhamento apresentam dois formatos principais: estações fixas de retirada e devolução (98% do total) ou tipo dockless (2% dos sistemas) – sem estação fixa, desbloqueados via aplicativo. 

As 10.000 bicicletas disponíveis para uso viabilizaram mais de 33 mil viagens por dia, totalizando mais de 232 mil quilômetros percorridos diariamente. Rio de Janeiro, São Paulo e Fortaleza lideram a concentração de sistemas e o número de bicicletas disponíveis em 2021. 

Em setembro de 2020, cerca de 500 bicicletas elétricas foram incorporadas ao sistema Bike Rio e seguem operando até o momento e apresentando resultados promissores que indicam o potencial das elétricas nas cidades brasileiras. Este é o primeiro sistema da America do Sul que oferta bicicletas elétricas.

Em 2019, o país passou por um auge na oferta dos serviços após a chegada dos sistemas dockless. Antes do início da pandemia Covid-19 houve uma redução das atividades das operadoras que ofereciam o modelo dockless e uma expressiva diminuição desse mercado, que seguiu impactado pelas restrições desse período. 

Comparativamente a anos anteriores, percebe-se uma redução no número de bicicletas disponíveis e do número total de viagens realizadas. Porém, na distância total percorrida diariamente houve um pequeno aumento, o que contribui para que não houvesse uma redução acentuada das emissões evitadas. Para o cálculo de emissões de CO2 evitadas, a plataforma adota a equação desenvolvida em colaboração com o IEMA, equivalente, neste último ano, a 13.873 mudas de árvores plantadas em equivalência de carbono sequestrado.

O uso de bicicletas tem sido recomendado como alternativa mais saudável e confiável e o setor vem retomando o fôlego a cada mês, reforçando o potencial de protagonismo destes sistemas como chave na transição para a priorizacao da mobilidade ativa nas nossas cidades, redução das emissões de carbono e melhoria dos índices de saúde pública.