Bota pra Rodar e a Ameciclo no 6º Fórum Mundial da Bicicleta
Por meio de um edital, em parceria com o Itaú, a UCB conseguiu viabilizar a ida de seis* pessoas para o 6º Fórum Mundial da Bicicleta, que aconteceu na Cidade do México, entre os dias 19 a 23 de abril, para que elas pudessem apresentar seus respectivos trabalhos desenvolvidos no Brasil. Nos próximos dias, serão publicados os sete** relatos dessas pessoas, para as informações sobre o Fórum cheguem em mais gente.
Por Sabrina Machry é Coordenadora Geral da Associação de Ciclistas do Grande Recife – Ameciclo e foi articuladora local no Projeto Bota pra Rodar em Caranguejo Tabaiares.
Participar do Fórum Mundial da Bicicleta foi dar continuidade a uma espiral que vem se expandindo há cinco anos, desde que passei a usar a bicicleta como meio de transporte diário. Começou assim: pedalar na ciclovia de Boa Viagem e lutar para manter o equilíbrio do próprio corpo em movimento, depois veio o compartilhamento de ruas locais, com poucos carros em horários estratégicos, passando a pedalar na cidade toda, a qualquer hora: de madrugada – sozinha voltando de uma festa; na hora do rush – compartilhando o corredor de carros com os motoqueiros, com a maior cautela e cordialidade possível. Mas isso era eu na vida. Não eu no mundo. Começou a ser no mundo a partir da Ameciclo, a nossa articulação com outros cicloativistas e associações da região, a realização conjunta do primeiro Fórum Nordestino da Bicicleta, e participação de um fórum nacional (Bicicultura), e a percepção do quão importante é o compartilhamento de ideias, de projetos, de experiências, de lutas entre todos nós: vizinhos de bairro, cidade, região, país.
O projeto Bota pra Rodar estava sendo inaugurado, e em meio a esta emoção e realização fomos contemplados pelo edital da UCB e Do Itaú para irmos até o fmb6, para compartilharmos mais esta experiência, na Cidade do México (cdMX !!). Para mim, que vim do pampa-gaúcho, com uma relação estreita de Conesul, estar no México é ampliar ao máximo a espiral latino-americana. É ir pra bem longe, mas não tão longe, que não se sinta fortemente enraizado – aquele laço de uma latina sem parentes importantes e vinda do interior. Participar do Fórum na perspectiva de uma cicloativista foi legal porque antes eu iria absorver tudo aquilo, aprender e tentar aplicar – eu na vida. Com o cicloativismo eu me sinto parte de uma rede que se fortalece, que se profissionaliza, que se desenvolve num ritmo acelerado e ao mesmo tempo de princípios sólidos e sustentáveis, eu já não só absorvo: eu contribuo, eu compartilho, eu explico, eu incentivo, e com muita alegria, eu também inspiro – eu no mundo.
Esses são todos nós no mundo; são os amigos queridos do Sul sendo lembrados da importância da realização do primeiro Fórum Mundial, diante de toda a revolta e barbaridade sentida no corpo e na rotina pelos ciclistas invisíveis de nossa cultura; somos descobridores da transformação pela bicicleta e do entendimento de que esse processo de libertação tem suas particularidades: o ciclista rural, a ciclista urbana, a ciclista mãe, a negra, a pobre, o cicloativista rico, o pobre que não tem tempo e nem dinheiro pra poder abraçar a causa, que tem prioridades outras latentes. Com toda a diversidade e universalidade possível é composta a nossa rede de ciclistas e cicloativistas latino-americanos e do mundo. Participar do Fórum me deu vontade de sempre participar do Fórum. De todos os fóruns. Expandir e fortalecer, não só os laços, mas a mente, a solidariedade e a compreensão de quem somos e do que precisamos para pedalarmos com segurança, tranquilidade, leveza e liberdade pelo mundo a fora e a dentro.
*Ao total, foram selecionadas sete pessoas, mas uma delas não embarcou para o México. **Mesmo não embarcando, o trabalho desta pessoa foi apresentado por outra e haverá relato sobre.