Andar de bicicleta pela Cidade não é tarefa fácil às pessoas que precisam utilizar esse meio de transportes para estudar ou trabalhar. Os ciclistas dizem que há vários empecilhos e perigos constantes. Os trechos com ciclovias e ciclofaixas do Município são limitados e não têm continuidade e existem ainda falhas na sinalização e conservação. Em vários locais, as faixas foram feitas em cima de calçadas, obrigando os condutores a compartilhar o espaço com pedestres.
Atualmente, a Cidade tem cerca de 20 quilômetros de ciclovias em vários bairros, mas não são contínuas. Um dos locais mais problemáticos, segundo os condutores, é a da Avenida Ademar de Barros, que liga o Centro ao Distrito de Jundiapeba. A faixa é tão estreita que dá para passar apenas uma pessoa por vez. “Quando vem uma bicicleta do lado contrário, é preciso subir na calçada para desviar e dar passagem à outra. Usar a pista é perigoso, por causa do risco de ser atropelado pelos carros”, afirma o laminador Waldemar Carneiro.
Ele faz o trajeto diariamente para trabalhar. “Nunca sofri acidente porque tomo muito cuidado, mas já presenciei vários deles. As quedas acontecem sempre quando um tem que desviar do outro e acaba perdendo o equilíbrio. Também já vi atropelamentos”, relata. Na opinião dele, existe a necessidade de ampliar a largura da ciclofaixa ou construir outra, do lado contrário da rua.
A ciclovia da Avenida Francisco Rodrigues Filho, que começa no Mogilar, passa por César de Souza, segue pela Avenida Perimetral e vai até o Rodeio, foi feita em cima da calçada. O espaço, usado também como pista de caminhada e de corrida, é frequentado quase diariamente pela técnica em órtese e prótese, Juliana Teles, para praticar exercício. Ela faz isso ao lado da filha, a técnica em informática Keila Taise Teles.
“Nós só usamos a bicicleta para o lazer e prática de exercícios físicos, mas se tivesse mais ciclovias na Cidade, com certeza iria utilizá-la como transporte no dia a dia”, afirma a mãe, que defende investimentos nesta área para reduzir o volume de veículos nas ruas. Na opinião de Juliana, há necessidade de construir novas ciclovias ligando um bairro ao outro e passando pelo Centro da Cidade, “com melhor sinalização e mais segurança”.
Quem também defende a ampliação das ciclovias é Igor Arthur Barbalho do Nascimento, que trabalha com a produção de cogumelos. Ele mora em César de Souza e usa a bicicleta como meio de transporte. “Não adianta construir apenas trechos em alguns bairros e não dar continuidade. Não existe ciclovia no Centro, onde os perigos de atropelamento são maiores. Seria ideal, por exemplo, uma faixa ligando César a Jundiapeba”, sugere. Apesar da ciclovia, ele e o amigo, o estudante Rian Ramos, estavam trafegando de bicicleta pela Avenida, ontem à tarde, na pista contrária. Eles disseram que fazem isso para evitar problemas com pedestres que também usam a ciclovia.
O metalúrgico Fernando Nogueira de Assis, morador de Braz Cubas, disse que usa a bicicleta para tudo. “Sempre venho à Cidade e costumo utilizar os bicicletários que ficam perto ao Terminal Central, mas acho que o ideal seriam mais opções espalhadas pela Cidade”, reforça. Ele defende também a realização de campanhas de conscientização entre motoristas de carros e de ônibus. “Já fui atropelado uma vez, fiquei todo ralado e cai duas vezes, porque os motoristas dos carros me fecharam”, revela.
Busca por melhorias
O coletivo BiciMogi, integrado por mais de 40 ciclistas da Cidade, informou que vai entregar uma carta pública a todos os pré-candidatos a prefeito de Mogi para que assumam o compromisso de criar políticas públicas de incentivo ao ciclismo como forma de promoção da mobilidade. A ação deve acontecer no próximo dia 5 de julho, às 19 horas, durante evento na Câmara de Mogi.
Segundo Jair Pedrosa, um dos coordenadores do BiciMogi, o coletivo aderiu neste ano à campanha “Bicicleta nas Eleições”, iniciada no último dia 9, por iniciativa da União de Ciclistas do Brasil (UCB) em diversos municípios do País.
Ele explica que o objetivo dos ciclistas é conquistar o apoio dos candidatos ao cargo de prefeito para que incluam, em seus planos de governo, propostas de estímulo à utilização das bicicletas. “Temas como redução de velocidade, aumento da infraestrutura cicloviária da Cidade, treinamento de condutores de transporte coletivo e campanhas educativas voltadas para motoristas e motociclistas são algumas das pautas que devem ser discutidas”, reforça.
Na ocasião serão ministradas palestras sobre ciclismo. A primeira ficará a cargo de Daniel Guth, diretor da CicloCidade – Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, e a segunda terá o comando de Ana Carolina Nunes, da Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo (Cidadeapé). Mais informações sobre a campanha podem ser encontradas no site uniaodeciclistas.org.br/bicicletanaseleicoes e www.facebook.com/BiciMogi/. (S.C.)
Fonte: O Diário
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